quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Estádios de Motivação para a Mudança



Modelo de Prochaska e DiClemente (1982, 1992)
            O modelo de Prochaska e DiClemente (1982, 1992) apela a um constructo importante:o de estádios de mudança. Os autores referem um conjunto de estádios de mudança intencional, que são sucessivos, mas não ocorrem de forma linear. É um modelo em espiral em que o indivíduo avança e recua de forma dinâmica.

            De acordo com este modelo, a mudança não é a passagem de um nível para o outro mas sim um processo.
          Por exemplo, consideremos uma pessoa que fuma. No estádio de Pré-contemplação a pessoa nega a intenção de deixar de fumar, sabe dos malefícios do tabaco mas não acha que apresenta um elevado risco de adquirir uma doença. Não se vê como dependente e acha que pode parar de fumar no momento em que decidir tal coisa.
          Na fase de Contemplação já admite que gostaria de deixar de fumar mas tem muita dificuldade em tomar uma atitude em relação a isso. A pessoa sente-se ambivalente em relação ao cigarro apresentando argumentos a favor e argumentos contra. Por exemplo, “fumar dá prazer mas faz muito mal”. Normalmente têm sentimentos de perda intensa, medo dos sintomas de abstinência e do fracasso, resumindo medo da mudança.
         Na fase de Determinação, passa a tomar atitudes para parar de fumar: reduzem o número de cigarros, tentam cumprir metas, por exemplo, não fumar no carro, não fumar em casa.
            É na fase de Acção que o fumador enfrenta a abstinência, em que decide parar totalmente o consumo de cigarros.
          Segue-se a fase de Manutenção em que o indivíduo está num processo de adaptação, a aprender a viver sem fumar. No entanto existe o risco de recaídas, a fase de manutenção nem sempre leva ao sucesso. A recaída faz parte do processo tal como a manutenção.
            Desta forma a Mudança consegue-se através de um ciclo sucessivo de vários estádios que vão preparando o indivíduo para a mudança efectiva. A recaída não é vista como um fracasso mas como um estádio do ciclo. O processo de recaída é muito frequente de acordo com este autores. Assim na fase de determinação há que ter em conta os argumentos da recaída para se refazer o percurso de maneira diferente, desta forma não se começa do zero.
           
Estádio da Pré-contemplação
            É um estádio em que os indivíduos não apresentam a intenção de mudar nem têm consciência dos seus problemas. Frequentemente, as pessoas que os rodeiam percebem que algo não está bem, mas o sujeito não está consciente dos riscos ou problemas associados a esse comportamento.
          A confrontação directa é contraproducente porque gera uma atitude defensiva. Deve-se dar informação e feedback sobre o problema. O objectivo é aumentar a consciencialização do problema e facilitar a transição para o estádio de contemplação.

Estádio de Contemplação
            É caracterizado pela ambivalência. Já há consciência de que há um problema mas também de que não se vai conseguir mudar facilmente.
            O indivíduo tem alguma consciência do problema, já considera a possibilidade de mudança, avaliando os prós e contras do comportamento problema e da mudança.
            No discurso surgem razões de preocupação e motivações para a mudança. Justificam o comportamento actual com racionalizações que menorizam a preocupação. O contemplador é aquele que considera a mudança e ao mesmo tempo a rejeita.
            O objectivo é criar um desequilíbrio entre os argumentos ambivalentes, favorecendo as razões para a mudança e evidenciar as consequências da “não mudança”.

Estádio de Preparação para Acção/ Determinação
            Se neste período o indivíduo entrar num estádio de acção o processo de mudança prossegue, caso contrário o sujeito regressa ao estádio de contemplação.
            Neste estádio já existe um compromisso com a mudança, há uma conceptualização dos custos de manutenção do comportamento problema como superiores aos benefícios.
            O objectivo do terapeuta é ajudar o paciente a encontrar uma estratégia de mudança aceitável, acessível, apropriada e efectiva.
            Deve-se avaliar os níveis do comprometimento para a mudança, clarificar e definir objectivos realistas e acessíveis para promover a fase de acção.

Estádio de Acção
            É definido como um período em que o indivíduo tem intenção de mudar e em que se empenha em acções particulares com vista à mudança. Entrar num processo de mudança não é, contudo, garantia que a mudança persista. A recaída pode ocorrer em qualquer estádio da mudança.
             É importante que o indivíduo tenha como base o senso de auto-eficácia, isto é, precisa de acreditar que tem autonomia para mudar a sua maneira de viver.


Estádio de Manutenção
            Envolve uma contínua mudança. O objectivo desta fase consiste em garantir a manutenção da mudança, o que poderá requerer um conjunto de diferentes estratégias das que eram necessárias aquando da realização da mudança.
            O desafio é manter as mudanças alcançadas, estabilizando o comportamento foco.

Estádio de Recaída
            A recaída é considerada uma situação que marca o final do estádio de acção ou manutenção e deve ser vista como um estado de transição. A recaída faz parte do processo de mudança e é o modo como a pessoa aprende e recomeça o processo de forma mais consciente.

Bibliografia
Prochaska, J. O. & DiClemente, C. (1982). Transtheorical therapy: Toward a more integrative model of change. Psycotherapy: Theory, Research and Practice, 20, 161-173.
Prochaska, J. O. & DiClemente, C. (1992). Stages of change in the modicafication of problem behaviors. Em M. Hersen, M. Eiser & W. Miller (Orgs.), Progress in behavior modification (pp.184-214). Sycamore: Sycamore Press.
Prochaska, J. O., DiClemente, C. C. & Norcross, J. C. (1992). Search of how people change: Applications to addictive behaviors. American Psychologist, 47, 1102-1113.
Prochaska , J. O., Velicer, W. Y., Rossi, J. S., Goldstein, B. M., Rakowski, W., Fiore, C., Harlow, L., Redding, C. A ., Resembloom, D. & Rossi, S. R. (1994). Stages of change and decisional balance for 12 problem behaviors. Health Psychology, 13, 39-46.

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